quarta-feira, 24 de setembro de 2008

DIADEMA EM GREVE

Hoje, durante assembléia dos estudantes da Universidade Federal de São Paulo do campus Diadema, foi votada e deliberada greve por tempo indeterminado do corpo discente deste campus. O motivo, e pauta única da assembléia, foi o grave problema relacionado à estrutura do campus. Tal problema, se não solucionado a tempo, pode impedir a continuidade dos cursos aqui instalados. Dentre outros problemas, destaco: falta de laboratórios (didáticos e de pesquisa), ausência de restaurante universitário, uma biblioteca que não comporta a demanda dos alunos.

Cito, ainda, que no próximo ano, com o ingresso de novos alunos, nosso campus provisório deixará de comportar todos os alunos. Em vista disso, será feito um convênio com a prefeitura de Diadema, através do qual, poderemos utilizar o prédio da Fundação Florestan Fernandes, locado no centro de Diadema. Teremos, então, dois campi provisórios, um para aulas práticas e outro para aulas teóricas. Lembro que um é longe do outro e não existe projeto de assistência para o transporte entre ambos. Mesmo sabendo que esse convênio está praticamente firmado, nós, alunos, gostaríamos de ver as obras acontecendo e ter a certeza de um próximo ano letivo de qualidade.


Felipe Gilio Andrade de Meneses

Coordenador Geral do Centro Acadêmico Unifesp Diadema (C.A.U.D)

Carta de reivindicações elaborada pelos estudantes durante grupos de discussão e aprovada em assembléia.

Carta aberta dos estudantes da Universidade Federal de São Paulo

UNIFESP - campus Diadema

Nós, estudantes do campus Diadema da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), reconhecemos os esforços da UNIFESP em ampliar a oferta de vagas no ensino superior público, mas gostaríamos de demonstrar que tal ampliação não se aplica de forma séria, como deveria ser.

Nos últimos anos, a UNIFESP iniciou um ambicioso processo de expansão, saltando de um para cinco campi e de cinco para vinte e cinco cursos de graduação. No entanto, o planejamento prévio que visasse suprir as necessidades dos novos alunos e docentes não foi cumprido, resultando em uma infra-estrutura inadequada para a progressão dos campi. Tal ineficiência resulta em alunos sem prédios, bibliotecas com déficit de livros, ausência de um restaurante universitário e laboratórios didáticos e de pesquisa que forneçam condições para aprendermos na prática nossas futuras profissões. Perguntamos-nos: de que adianta um aluno de química, por exemplo, sem laboratório e equipamento, ou um docente com equipamento e sem um laboratório para desenvolver sua linha de pesquisa? O que temos hoje, portanto, são prédios sem qualquer estrutura para que a Universidade possa se consolidar.
Abaixo, detalhamos os principais problemas estruturais, particulares ao campus Diadema.

  • Laboratórios Didáticos:

A falta de laboratórios implica em cursos apenas teóricos, dificultando a aplicação de conceitos à prática. A alternativa proposta baseia-se na alteração da grade curricular, adiantando matérias teóricas avançadas, sem que antes pudéssemos verificar experimentalmente, nos laboratórios, os conceitos aprendidos na base teórica. Tal sugestão comprometeria substancialmente nossa formação acadêmica.

  • Laboratórios de Pesquisa:

Sem laboratórios de pesquisa, os equipamentos dos docentes ficam armazenados e não podem ser colocados em uso por falta de local. Dessa forma, prejudica-se tanto o desenvolvimento das linhas de pesquisa quanto sua produtividade científica e o início dos programas de pós-graduação.

  • Salas de aula:

Com o ingresso de 200 novos alunos em 2009, em período integral (além dos ingressantes para o período noturno), nosso campus não terá condições de recebê-los. Há, em planejamento, um novo campus provisório. Além de estar localizado distante do campus atual, necessita de reformas que ainda não foram iniciadas, bem como início das obras do suposto campus definitivo. Sabe-se que, mantendo-se o ritmo das obras atuais, o campus atual não será suficiente e tampouco o campus provisório no centro de Diadema estará pronto para uso.

  • Alimentação:

A lanchonete atual não comporta a demanda de alunos, docentes e funcionários, uma vez que o local disponível para alimentação é insuficiente (pouco espaço físico, portanto, poucas mesas e cadeiras). Além disso, por se tratar de um restaurante externo, o acordo estabelecido acarreta um preço nos alimentos que não é acessível a todos os usuários. Os alunos que trazem marmita não têm equipamentos para armazenamento e aquecimento. O sistema de subsídio de alimentação para nossos estudantes é deficitário.

  • Livros:

A quantidade de exemplares na biblioteca do nosso campus é pequena. Apesar de alguns livros terem sido comprados em uma razoável quantidade, a diversidade de obras de uma mesma área (por exemplo, exemplares de que abordem o tema “Genética”) é insuficiente, limitando o campo de pesquisa dos estudantes. Assim sendo, o desempenho dos alunos é comprometido, principalmente em épocas de provas, em que a procura por livros aumenta significativamente. Este é mais um fator que contribui para um mau rendimento dos estudantes, uma vez que não se pode, algumas vezes, dar continuidade aos assuntos abordados nas salas de aula pelos docentes.

Nesta carta, apresentamos parte de nossos problemas. Já encaminhamos estes a outras diversas instâncias administrativas, embora tenhamos obtido como resposta apenas promessas ou prazos que jamais foram cumpridos.

Dentre os prazos e promessas citados acima, julgamos ser necessário apresentar que o relatório ambiental que possibilitaria dar início às obras para a construção do campus definitivo, a se localizar no Sítio Morungaba, em Diadema, não foi liberado do Departamento de Planejamento, Projeto e Obras – DePPO – da UNIFESP por mais de dois anos. Com isso, até hoje não há expectativa para que se iniciem estas obras. Este mesmo Departamento é o responsável por muitos dos empecilhos surgidos ao longo dos processos de reforma do nosso campus até hoje. Possivelmente, uma maior competência dos dirigentes deste Departamento teria permitido que muitos dos processos iniciados ou mesmo daqueles que ainda não foram aprovados estivessem executados por completo.

Visando uma melhor compreensão da nossa realidade, convidamos Vossa Excelência a conhecer as condições do campus, a fim de acelerar a resolução destes pontos e fundamentar uma Universidade que corresponda às necessidades de todas as classes que a compõem.

Aproveitamos esse documento para expor que acreditamos que todos esses problemas estruturais são reflexo de uma ineficiente administração da Universidade. A atual distribuição de poder dentro da UNIFESP não mais atende às necessidades desta Instituição como um todo. A expansão a que os administradores se propuseram há mais de dois anos exige que exista uma imediata reestruturação da cúpula de poder na Universidade.

Na atual conjuntura da nossa Universidade, é inevitável que as classes acadêmicas questionem até que ponto pode-se manter o suposto nível de excelência da UNIFESP, como os atuais resultados do ENADE divulgaram, nomeando-a a melhor Universidade do país. Queremos, enquanto estudantes, fazer efetivamente parte deste pólo de conhecimento e contamos com os esforços de Vossa Magnificência para que nele nos incluamos o mais breve possível.

Agradecemos antecipadamente a atenção,

Estudantes da Universidade Federal de São Paulo
campus Diadema


Um comentário:

Anônimo disse...

Os alunos de Diadema fizeram um blog para que todos pudessem acompanhar o andamento da greve. O blog é www.greveunifespdiadema.blogspot.com