terça-feira, 17 de junho de 2008

Documento da Unifesp revela que reitor já era investigado desde 2003

Investigação apontou irregularidade no uso de verbas por Ulysses Fagundes Neto
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Foi assumida como prerrogativa da chefia do departamento a possibilidade de dispor de verbas para despesas pessoais, compra de equipamentos e viagens sem comunicado ou autorização de qualquer instância administrativa do departamento ou do Cepep (Centro de Estudos de Pediatria da Escola Paulista). (...) A Comissão acredita que, por não se tratar de pequenos valores, deveriam ter sido previamente autorizados."
O texto consta em documento obtido com exclusividade pela Folha, e mostra como, bem antes das atuais denúncias de irregularidades na administração da Universidade Federal de São Paulo, o médico e atual reitor, Ulysses Fagundes Neto, enfrentou, na condição de chefe do Departamento de Pediatria da Unifesp e de presidente do Cepep, cargos que ocupou entre 1997 e 2003, denúncias quanto ao uso pessoal de verbas destinadas à pesquisa.
O texto, de 24/9/2003, foi assinado por alguns dos mais importantes quadros da pediatria brasileira: Fabio Ancona Lopez, Benjamin Israel Kopelman, João Tomas de Abreu Carvalhaes e Rudolf Wechsler. Foi redigido a pedido da médica Rosana Fiorini Puccini, que acabava de assumir os postos deixados na pediatria por Fagundes Neto, que então assumia o cargo de reitor.
No documento, os quatro docentes acusam a "ocorrência de falta administrativa", "falta de controle de movimentação bancária do Cepep", "má informação" e "ocultação de dados". Dizem que no período de "praticamente duas gestões" (período em que Fagundes Neto foi chefe do Departamento de Pediatria), houve situações que "resultaram em claro prejuízo para o Cepep", "em desacordo total com (...) o estatuto do Cepep. Afirma que "tais fatos configuram em seu conjunto uma má gestão".
A gravidade da situação apresentada pelo documento (que não menciona cifras) motivou a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do órgão.
A Folha procurou o atual reitor e a atual presidente do Cepep, para responder: de quanto teria sido o prejuízo? O caso foi levado à polícia? Houve ressarcimento das quantias desviadas? Abriu-se processo administrativo?
Por e-mail, a diretoria do Cepep afirma que houve a troca do escritório de contabilidade e que se contratou uma auditoria externa. Não há referência à abertura de processo administrativo ou denúncia à polícia. Fagundes Neto decidiu não se pronunciar.
O procurador da República Sergio Suiama, do Ministério Público Federal, intimou os quatro signatários do documento a prestar esclarecimentos no dia 24 de junho.
Há dois meses, Fagundes Neto foi flagrado usando indevidamente o cartão de crédito corporativo para pagar o equivalente a R$ 12 mil em despesas pessoais. Na semana passada, a Folha divulgou relatório da Controladoria Geral da União, dando conta de que, apenas em 2005, houve ausência de prestação de contas envolvendo R$ 178 milhões. Foram apontadas 94 irregularidades nos anos de 2005 e 2006. Não há previsão para o julgamento dessas contas pelo Tribunal de Contas da União.

3 comentários:

Pablo Cardoso disse...

Essa Laura Capriglione odeia a Unifesp (ou o reitor Ulysses), né? Só dá ela fazendo as denúncias assimiladas como verdades absolutas e inquestionáveis.

Outra coisa que acho estranho: a Folha não era um jornal tendencioso até antes de estourar a primeira denúncia (assunto já resolvido, diga-se de passagem), por que agora ela é fonte de todas as movimentações? Curioso né? Enfim, questionamentos meus, quem se habilitar a responder, boa sorte.


Abraço, gente. Até sexta (infelizmente não conseguirei ir no Congresso PIBIC)!




Postado por Pablo Cardoso

Bel Keppler disse...

Sim. Ela não passou no vestibular da UNIFESP e foi prestar jornalismo, e acabou caindo na Folha.

Não foi porque, talvez, por algum motivo (vai saber qual, meu Deus!!!), a Folha decidiu deixar para uma pessoa só tratar do assunto, investigar e buscar fontes seguras.

bernaum disse...

Acredito que se fossem acusações falsas ou infundadas, a Unifesp com certeza rebateria as acusações e provaria o contrário, entretanto, não foi isso que aconteceu, a Unifesp preferiu não se pronunciar... (quem cala,...)
Como ela tem acesso a tais documentos não sei dizer, porém, é uma voz que se levanta e que até agora não foi calada, se tem alguém que prove o contrário, esse alguém está demorando pra se pronunciar. E quem se habilitar a responder, boa sorte.

Forte abraço pessoal

Bernaum