Investigação apontou irregularidade no uso de verbas por Ulysses Fagundes Neto
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
"Foi assumida como prerrogativa da chefia do departamento a possibilidade de dispor de verbas para despesas pessoais, compra de equipamentos e viagens sem comunicado ou autorização de qualquer instância administrativa do departamento ou do Cepep (Centro de Estudos de Pediatria da Escola Paulista). (...) A Comissão acredita que, por não se tratar de pequenos valores, deveriam ter sido previamente autorizados."
O texto consta em documento obtido com exclusividade pela Folha, e mostra como, bem antes das atuais denúncias de irregularidades na administração da Universidade Federal de São Paulo, o médico e atual reitor, Ulysses Fagundes Neto, enfrentou, na condição de chefe do Departamento de Pediatria da Unifesp e de presidente do Cepep, cargos que ocupou entre 1997 e 2003, denúncias quanto ao uso pessoal de verbas destinadas à pesquisa.
O texto, de 24/9/2003, foi assinado por alguns dos mais importantes quadros da pediatria brasileira: Fabio Ancona Lopez, Benjamin Israel Kopelman, João Tomas de Abreu Carvalhaes e Rudolf Wechsler. Foi redigido a pedido da médica Rosana Fiorini Puccini, que acabava de assumir os postos deixados na pediatria por Fagundes Neto, que então assumia o cargo de reitor.
No documento, os quatro docentes acusam a "ocorrência de falta administrativa", "falta de controle de movimentação bancária do Cepep", "má informação" e "ocultação de dados". Dizem que no período de "praticamente duas gestões" (período em que Fagundes Neto foi chefe do Departamento de Pediatria), houve situações que "resultaram em claro prejuízo para o Cepep", "em desacordo total com (...) o estatuto do Cepep. Afirma que "tais fatos configuram em seu conjunto uma má gestão".
A gravidade da situação apresentada pelo documento (que não menciona cifras) motivou a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do órgão.
A Folha procurou o atual reitor e a atual presidente do Cepep, para responder: de quanto teria sido o prejuízo? O caso foi levado à polícia? Houve ressarcimento das quantias desviadas? Abriu-se processo administrativo?
Por e-mail, a diretoria do Cepep afirma que houve a troca do escritório de contabilidade e que se contratou uma auditoria externa. Não há referência à abertura de processo administrativo ou denúncia à polícia. Fagundes Neto decidiu não se pronunciar.
O procurador da República Sergio Suiama, do Ministério Público Federal, intimou os quatro signatários do documento a prestar esclarecimentos no dia 24 de junho.
Há dois meses, Fagundes Neto foi flagrado usando indevidamente o cartão de crédito corporativo para pagar o equivalente a R$ 12 mil em despesas pessoais. Na semana passada, a Folha divulgou relatório da Controladoria Geral da União, dando conta de que, apenas em 2005, houve ausência de prestação de contas envolvendo R$ 178 milhões. Foram apontadas 94 irregularidades nos anos de 2005 e 2006. Não há previsão para o julgamento dessas contas pelo Tribunal de Contas da União.
DA REPORTAGEM LOCAL
"Foi assumida como prerrogativa da chefia do departamento a possibilidade de dispor de verbas para despesas pessoais, compra de equipamentos e viagens sem comunicado ou autorização de qualquer instância administrativa do departamento ou do Cepep (Centro de Estudos de Pediatria da Escola Paulista). (...) A Comissão acredita que, por não se tratar de pequenos valores, deveriam ter sido previamente autorizados."
O texto consta em documento obtido com exclusividade pela Folha, e mostra como, bem antes das atuais denúncias de irregularidades na administração da Universidade Federal de São Paulo, o médico e atual reitor, Ulysses Fagundes Neto, enfrentou, na condição de chefe do Departamento de Pediatria da Unifesp e de presidente do Cepep, cargos que ocupou entre 1997 e 2003, denúncias quanto ao uso pessoal de verbas destinadas à pesquisa.
O texto, de 24/9/2003, foi assinado por alguns dos mais importantes quadros da pediatria brasileira: Fabio Ancona Lopez, Benjamin Israel Kopelman, João Tomas de Abreu Carvalhaes e Rudolf Wechsler. Foi redigido a pedido da médica Rosana Fiorini Puccini, que acabava de assumir os postos deixados na pediatria por Fagundes Neto, que então assumia o cargo de reitor.
No documento, os quatro docentes acusam a "ocorrência de falta administrativa", "falta de controle de movimentação bancária do Cepep", "má informação" e "ocultação de dados". Dizem que no período de "praticamente duas gestões" (período em que Fagundes Neto foi chefe do Departamento de Pediatria), houve situações que "resultaram em claro prejuízo para o Cepep", "em desacordo total com (...) o estatuto do Cepep. Afirma que "tais fatos configuram em seu conjunto uma má gestão".
A gravidade da situação apresentada pelo documento (que não menciona cifras) motivou a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do órgão.
A Folha procurou o atual reitor e a atual presidente do Cepep, para responder: de quanto teria sido o prejuízo? O caso foi levado à polícia? Houve ressarcimento das quantias desviadas? Abriu-se processo administrativo?
Por e-mail, a diretoria do Cepep afirma que houve a troca do escritório de contabilidade e que se contratou uma auditoria externa. Não há referência à abertura de processo administrativo ou denúncia à polícia. Fagundes Neto decidiu não se pronunciar.
O procurador da República Sergio Suiama, do Ministério Público Federal, intimou os quatro signatários do documento a prestar esclarecimentos no dia 24 de junho.
Há dois meses, Fagundes Neto foi flagrado usando indevidamente o cartão de crédito corporativo para pagar o equivalente a R$ 12 mil em despesas pessoais. Na semana passada, a Folha divulgou relatório da Controladoria Geral da União, dando conta de que, apenas em 2005, houve ausência de prestação de contas envolvendo R$ 178 milhões. Foram apontadas 94 irregularidades nos anos de 2005 e 2006. Não há previsão para o julgamento dessas contas pelo Tribunal de Contas da União.
3 comentários:
Essa Laura Capriglione odeia a Unifesp (ou o reitor Ulysses), né? Só dá ela fazendo as denúncias assimiladas como verdades absolutas e inquestionáveis.
Outra coisa que acho estranho: a Folha não era um jornal tendencioso até antes de estourar a primeira denúncia (assunto já resolvido, diga-se de passagem), por que agora ela é fonte de todas as movimentações? Curioso né? Enfim, questionamentos meus, quem se habilitar a responder, boa sorte.
Abraço, gente. Até sexta (infelizmente não conseguirei ir no Congresso PIBIC)!
Postado por Pablo Cardoso
Sim. Ela não passou no vestibular da UNIFESP e foi prestar jornalismo, e acabou caindo na Folha.
Não foi porque, talvez, por algum motivo (vai saber qual, meu Deus!!!), a Folha decidiu deixar para uma pessoa só tratar do assunto, investigar e buscar fontes seguras.
Acredito que se fossem acusações falsas ou infundadas, a Unifesp com certeza rebateria as acusações e provaria o contrário, entretanto, não foi isso que aconteceu, a Unifesp preferiu não se pronunciar... (quem cala,...)
Como ela tem acesso a tais documentos não sei dizer, porém, é uma voz que se levanta e que até agora não foi calada, se tem alguém que prove o contrário, esse alguém está demorando pra se pronunciar. E quem se habilitar a responder, boa sorte.
Forte abraço pessoal
Bernaum
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